A MUSICA DO BRASIL
A música do Brasil formou-se, principalmente, a partir da fusão de elementos europeus eafricanos, trazidos respectivamente por colonizadores portugueses e pelos escravos.
Até o século XIX Portugal foi a porta de
entrada para a maior parte das influências queconstruíram a música brasileira,
erudita e popular, introduzindo a maioria do instrumental,
o sistema harmônico, a literatura musical e boa parcela das
formas musicais cultivadas no país ao longo dos séculos, ainda que
diversos destes elementos não fosse de origem portuguesa, mas
genericamente européia.
A maior contribuição
do elemento africano foi a diversidade rítmica e algumas danças e
instrumentos, que tiveram um papel maior no desenvolvimento da música
popular e folclórica, florescendo
Ao longo do tempo e com o crescente
intercâmbio cultural com outros países além da metrópole portuguesa, elementos musicais típicos de outros países se
tornariam importantes, como foi o caso da voga operística italiana e
francesa e das danças como a zarzuela, o bolero e habanera de origem
espanhola, e as valsas e polcas germânicas, muito populares entre os
séculos XVIII e XIX, e o jazz norte-americano no século XX,
que encontraram todos um fértil terreno no Brasil para enraizamento e
transformação.
MUSICA-PRÉ CABRALIANA E
INDÍGINA
No Brasil, a era pré-cabralina (anterior à
chegada de Pedro Álvares Cabral) corresponde a
um período de mais de 50.000 anos. Os povos indígenas do Brasil perfaziam
juntos na época de Cabral cerca de 5 milhões de almas. Desde lá a
população total declinou violentamente em função do patético
choque contra a cultura portuguesa, que resultou em massacre,
escravização e aculturação em larga escala dos índios. E com
essa devastação muitas tradições se perderam de forma irreversível.
A música indígena brasileira é parte do vasto universo cultural dos vários
povos indígenas quehabitaram e habitam o Brasil. A música
indígena brasileira é parte do vasto universo cultural dos
váriospovos indígenas que habitaram e habitam o Brasil. A música
indígena tem recebido alguma atenção do ocidental desde o início da
colonização do território, com os relatos DE JEAN DE LÉRY
sobre alguns cantos tupinambá, em 1558, e de ANTONIO RUÍZ DE MONTOYA,
cujo extenso léxico inclui um universo de categorias musicais do guarani
antigo. Estudos recentes têm-se multiplicado a partir do trabalho de
pesquisa de VILLA LOBOS e MÁRIO DE ANDRADE no século XX, e hoje a música
indígena é objeto de estudo e interesse de muitos pesquisadores de todo
o mundo.
A maioria dos povos indígenas associa sua
música ao universo transcendente e mágico, sendo
empregada em todos os rituais religiosos. A música indígena é ligada desde
suas origens imemoriais a mitos fundadores e usada com finalidades de
socialização, culto, ligação com os ancestrais, exorcismo, magia e cura. É
importante também nos ritos catárticos, quando a música "ao trabalhar
com proporções,” repetições e variações, instaura o conflito ao mesmo
tempo em que o mantém sob controle.
"Existem canções
para praticamente todos os momentos e atividades da vida”,
sendo praticadas em festas para homenagear os mortos, como canções para
crianças, em festas sazonais e festas guerreiras, em ritos de passagem, no
culto dos espíritos e ancestrais, e nas festas de congraçamento entre as
tribos.
Uma das bases do sistema
social indígena são os grandes rituais como o Quarup, oYawari, o
Iamurikumã e os rituais de iniciação. Estes cerimoniais, dos quais muitos
são intertribais, funcionam como uma língua franca de comunicação
não-verbal entre etnias diversas. Segundo FRANCHETTO E BASSO:"
As festas costuram a
sociedade alto-xinguana, um circuito cerimonial que veicula alianças e
metaboliza conflitos, absorvendo ritualmente a alteridade. (…) Esta visão
do ritual intertribal como linguagem franca coloca a música no cerne do sistema
xinguano, considerando-se que estes rituais
são, por excelência, rituais musicais" (In PIEDADE 2006)
Há rigorosas prescrições para uso de
determinadas melodias e para quem será o intérprete,
e para quando serão executadas. Há músicas e instrumentos exclusivos
dos homens, outros só de mulheres, ou melodias cantadas apenas em um certo
rito ou com uma função específica.
PRIMORDIOS DA MÚSICA
BRASILEIRA
O que se conhece dos
primeiros tempos da música no início do Brasil Colônia é muito pouco. Os
primeiros registros de atividade musical consistente no Brasil provêm
da atividade dos padres Jesuítas, estabelecidos aqui desde 1549. Dez
anos depois já haviam fundado aldeamentos para os índios (as chamadas
Reduções ou Missões) com uma estrutura educativa musical. Neste início,
ainda com escasso número de cidades, mesmo as mais importantes não
passando de pequenos povoados. Também é lembrada a atividade de
FRANCISCO DE VACCAS como mestre-de-capela e PEDRO DA
FONSECA como organista, ambos ativos na Sé de Salvador.
Um século mais tarde as
Reduções do sul do Brasil, fundadas por Jesuítas espanhóis, conheceriam um
florescimento cultural vigoroso e exuberante, onde funcionaram verdadeiros
conservatórios musicais, e relatos de época atestam a fascinação do índio pela
música da Europa e sua competente participação tanto na construção
de instrumentos como na prática instrumental e vocal. Um retrato das
reduções espanholas pode ser visto no filme britânico The Mission (A
Missão), de 1986.
Os padrões de estilo e
interpretação eram naturalmente todos da cultura da Europa, e o objetivo
desta musicalização do gentio era acima de tudo catequético, com escassa
ou nula contribuição criativa original de sua parte.
Alguns índios até mesmo
se tornaram compositores eruditos, como um paraguaio que foi co-autor de
uma ópera sacra sobre a vida de Inácio de Loyola, e um mexicano que compôs
uma missa completa em 1560. A maior parte das partituras compostas
ou executadas nas missões se perdeu após sua dissolução, mas no século XX
diversos estudos especializados trouxeram novamente à luz uma
significativa quantidade de material.
Com o passar dos anos os
índios remanescentes dos massacres e epidemias foram se retirando
para
Mesmo com a vinda de
maciços contingentes de escravos da África a partir do século XVI, sua
raça era considerada inferior e desprezível demais para ser levada a sério
pela cultura oficial. Mas seu destino seria diferente do índio. Logo sua
musicalidade foi notada pelo colonizador, e sendo uma etnia mais
prontamente integrável à cultura dominante do que os arredios índios,
grande número de negros e mulatos passaram a ser educados musicalmente -
dentro dos padrões portugueses, naturalmente - formando orquestras e
bandas que eram muito louvadas pela qualidade de seu desempenho. Mas a
É importante assinalar
ainda a formação de irmandades de músicos a partir do século XVII, algumas
integradas somente por negros e mulatos, irmandades estas que passariam a
monopolizar a escrita e execução de música em boa parte do Brasil.
FONTE: http://www.marcelomelloweb.cjb.net
ETE – Curso Técnico em Música (Ourinhos –
SP)
Apostila - História da Música
Brasileira