WALDIR AZEVEDO, 90 ANOS
Um
dos expoentes máximo da música instrumental brasileira se estivesse vivo
estaria completando ao longo deste ano nove décadas de existência.
Por Bruno Negromonte
O
gênero Choro surgiu no Rio de Janeiro em meados do século XX e o surgimento
do termo é composto por diversas versões, dentre as quais a de que a
expressão choro pode derivar da maneira chorosa de se tocar as músicas estrangeiras
no final do século XIX e os que a apreciavam passaram a chamá-la de música de
fazer chorar, segundo definição dos pesquisadores e jornalistas Lúcio Rangel e
José Ramos Tinhorão. Para Câmara Cascudo o termo pode também derivar
de "xolo", um tipo de baile que reunia
os escravos das fazendas, expressão que, por confusão com a
parônima portuguesa, passou a ser conhecida como "xoro" e finalmente,
na cidade, a expressão começou a ser grafada com "ch".
Para
Ari Vasconcelos, outro pesquisador do gênero, o termo choro seria uma
corruptela de choromeleiros, corporações de músicos que tiveram atuação
importante no período colonial brasileiro. Os choromeleiros não executavam
apenas a charamela, mas outros
instrumentos de sopro. O termo passou a designar, popularmente qualquer
conjunto instrumental. Depois de já estabelecido o nome choro, o gênero foi
apelidado de ‘’chorinho’’. Entretanto, muitos chorões e apreciadores do gênero
não gostam dessa denominação.
Diversos
foram os artistas que fizeram história executando tal gênero no Brasil, entre
eles consta o de Waldir Azevedo, que é sem dúvida, junto com nomes como
Pixinguinha, Patápio Silva e Altamiro Carrilho, um dos maiores do gênero. E a
sua consagração não se deu à toa. Em 1947, Waldir Azevedo, já um virtuoso do
cavaquinho, compôs "Brasileirinho", um dos maiores sucessos da
história do gênero, gravado por Carmen Mirandae, mais tarde, por músicos
de todo o mundo. Ele foi pioneiro, quando retirou o cavaquinho do papel de
mero acompanhante e o colocou em destaque como instrumento de solo, explorando
de forma inédita as potencialidades do instrumento.
A
história sobre a composição mais famosa do saudoso Waldir Azevedo é relatada
pelo radialista Beni Galter e vale a pena chegar ao conhecimento dos amigos
leitores. Conta o comunicador que ao chegar em casa, quando ainda morava no
Rio, Waldir encontrou seu sobrinho de aproximadamente cinco anos de idade, que
lhe entregou um cavaquinho de plástico quebrado e lhe pediu: - "Tio, toca
alguma coisa pra mim ...
-
"Eu gostaria, meu filho, mas só tem uma corda."
- "Ah, tio, toca assim mesmo."
Waldir então, tentando contentar o menino, começa a tirar uns acordes do cavaquinho de uma única corda, sem imaginar que aquelas notas musicais depois de "trabalhadas" dariam na sua composição mais famosa: "Brasileirinho", título dado a música em homenagem ao seu sobrinho, um "Brasileirinho" de cinco anos.
João
de Barro - Braguinha - grande compositor brasileiro, autor da letra do imortal
"Carinhoso" e outros sucessos. Era também diretor artístico da
gravadora Continental. Ouvindo Waldir tocar "Brasileirinho", convidou-o
a gravar a música.
O
sucesso foi arrasador. Tempos depois se encontraram.
-
Já foi na gravadora receber? - pergunta Braguinha.
-
Será que tem alguma coisa? - responde Waldir.
-
Meu nome é Waldir Azevedo.
-
E daí? - responde o mal encarado funcionário do balcão.
-
É que gravei um disco, e o seu João de Barros me disse que tem um dinheiro...
-
Hum...
Passam-se
uns 15 minutos. O homem nada simpático estava contando o dinheiro, que naquele
tempo era de muitas notas e poucos zeros, mas de muito valor. Waldir estava
preocupado em voltar ao trabalho, pois ainda nem tinha almoçado.
-
Desculpe, senhor, mas gostaria que me atendesse por que tenho que trabalhar.
-
E o que é que estou fazendo?
Waldir
Azevedo desce correndo as escadas, compra um jornal, volta, embrulha tudo, uma
pilha enorme de dinheiro, desce de novo, toma um táxi, e vai direto pro
subúrbio do Meyer onde morava.
Sua
mulher, vendo-o chegar aquela hora, ainda de táxi, corre à porta aflita,
querendo saber o que houve. Waldir, sem dizer uma palavra, passa por ela, vai
para o quarto, rasga os jornais e joga satisfeito tudo aquilo sobre a cama.
A
mulher, vendo tanto dinheiro, ainda mais assustada arregala os olhos e diz:
-
Meu filho, o que você fez? Assaltou um banco?
Bibliografia
Consultada:
http://pt.wikipedia.org
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