AUTORIA: Pedro Pereira de Araújo
ANO: 1939
Angelus! Hora santa, hora augusta da reza!
Silêncio, imobilidade. Uns restos de sol poente
manchando prodigiosamente de púrpuras luminosas,
luxuoso damasco do firmamento.
"Um ar olímpio, talvez o sopro vital de mares
glaucos, embalsamam a terra fecunda.
Ocaso! Saudade de um dia que se foi.
Parece que as aves salmodiam, parece que
elas também rezam saudosamente, dolentemente ,
sublimemente. E do céu desce um pálio imenso para
cobrir a terra dadivosa, a terra de Deus.
O homem chega do suado labor e no lar carinhoso
e amigo, junto aos filhos queridos e a esposa amada,
numa comunhão sagrada, ajoelha a alma e reza
comovedoramente a Ave Maria.
O velhinho no último quartel da existência, já
batendo apenas o coração, de mãos em cruz voltada para
o onipotente, também reza consoladoramente a Ave
Maria.
O encarcerado na sua desdita, o moribundo na
sua agonia, o náufrago na sua peleja, a criança na sua
inocência, o cenobita no seu cláustico, o soldado com seu
patriotismo, com o seu heroísmo defendendo a Pátria,
enfim, a natureza toda numa musicalização de crepúsculo
defendendo o sublimado, o imaculado, o doce nome AVE
MARIA.
O Potengi sinuoso, o velho Potengi amado, com
suas areias brancas movediças no estio, com suas águas
rumorosas no inverno, com as suas margens tapetadas de
flores, parece um rosário policrômico enfeitado aos pés
da Virgem Maria.
Quando rezais as horas do sol posto, a Ave Maria,
assim, no azul parece sorrir-se a Virgem aos desvalidos.
"Nossa Senhora inclina um pouco o rosto para
escutar melhor tão meiga prece, hino tão doce e grato
aos seus ouvidos".
Oh! Maria puríssima, santíssima, consoladora
de tristeza, semeadora de esperanças, desabrochai
o sacrário do vosso infinito coração. Dai, Senhora
Imaculada, esse divino relicário ao povo de São Tomé
guardar contrito seu humilde coração.
Ave Maria! Cheia de graça!
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