terça-feira, 17 de abril de 2012

A educação com música (Jornal Diário do Nordeste, 05/04/2012)

A educação com música
Artigo publicado no Jornal Diário do Nordeste, Caderno3, pág.3
Quinta-feira, 05 de Abril de 2012 - Fortaleza, Ceará, Brasil
Artigo em PDF
O som vem de antes dos humanos; é um fenômeno natural abundante e atemporal. A combinação de sons com intervalos foi aprimorada e virou música. Numa perspectiva histórica e social, a fala dos sons e os sons da fala estão na base da nossa comunicação. Assim, a contribuição da música na formação humana vem de épocas pré-linguísticas. Depois vieram os instrumentos musicais e as festas da espiritualidade, da cultura e da criatividade nunca mais acabaram.
No Brasil, as referências musicais nativas foram ofuscadas com a chegada dos padres Jesuítas a partir de meados do século XVI. Os padres da Companhia de Jesus se valiam da música para a catequese e para o ensino da leitura e da matemática. Também nesse período, a globalização econômica do mercado da escravidão passou a trazer para o que viria a ser o Brasil os irmãos negros e, estes, trouxeram consigo a sua cultura musical.
No século XVII o ensino do canto foi oficializado nas aldeias e, no século XIX, a noção de música e os exercícios de canto foram formalizados no currículo escolar brasileiro. A nossa música ganhou uma rica contribuição dos imigrantes europeus e asiáticos, que se tornaram brasileiros no final do século XIX e início do século XX. Mas foi na primeira metade do século XX que o projeto de Educação Musical de Villa-Lobos ganhou dimensões de política de governo. E, na segunda metade, o País passou a ser novamente colonizado pela formação musical da comunicação de massa.
Nesse vaivém de sons, sentidos e multiculturalismo, das sonoridades locais e daquelas vindas com as caravelas ou nas antenas de radiodifusão, nasceram a diversidade e a pluralidade da música brasileira. Em meio a povoamentos, trocas e antropofagias reverberantes, ganhamos até um musicólogo alemão, naturalizado brasileiro, o professor Koellreutter, que trabalhou a música como instrumento de formação integral, desenvolvimento corporal e socialização. E quando parecia que potencializaríamos esses vínculos e reafirmação da música no cotidiano escolar, a ditadura militar afastou a educação musical das escolas.
Somente no final da primeira década deste século XXI, a música voltou a ser oficialmente conteúdo obrigatório no currículo escolar brasileiro. No artigo "A música na educação" (DN, 18/11/2010), manifestei a minha convicção do quanto essa decisão do governo federal tem de importância "para o desenvolvimento e a intensificação do senso estético e valorização da integração pela arte na grade curricular da Educação Básica - Infantil e Fundamental - nas escolas brasileiras". Estávamos naquele momento prestes a chegar aos três anos determinados pela Lei 11.769/2008 como limite para a adaptação dos sistemas de ensino do País à educação com música.
Quatro décadas de tempo perdido (1971 - 2011) suscitaram muitas indagações de como fazer isso e até prováveis dúvidas da sua importância. Mas a Ordem dos Advogados do Brasil - Secional Ceará, que tem na sua Comissão de Direitos Culturais o advogado e músico Ricardo Bacelar (ex-Hanói Hanói), está cobrando a aplicação da lei. A repórter Mozarly Almeida cobriu a coletiva realizada na semana passada, na qual a OAB-CE "anunciou a decisão da instituição de enviar ofício a oito mil escolas cearenses, da rede pública e privada, e também aos secretários de educação municipais do Estado cobrando a aplicação da norma" (DN, p. 5, 29/03/2012).
O tema é de grande interesse social. Requer ser intensamente discutido ao passo que vai sendo implementado. Não é a situação ideal, mas é a que está posta. E foi pensando na escassez de material de apoio que duas produtoras culturais paulistas, Gisele Jordão e Renata Allucci, se uniram ao músico Sérgio Molina e à psicóloga educacional Adriana Terahata, para editar, com patrocínio da Vale, o livro "A Música na Escola" (Allucci, 288 pág. São Paulo, 2012). A publicação, que tem edição digital acessada pelo site "www.amusicanaescola.com.br" é uma excelente contribuição do Sudeste ao debate nacional.
O livro explicita a complexidade da questão, mas encara os fatos com simplicidade. Com a colaboração de educadores, músicos e especialistas, abrange desde referências históricas até propostas de exercícios, passando por informações e pontos de vista. São 22 artigos inéditos, 39 práticas de educação musical - nenhuma delas voltada para aula de instrumento -, dez abordagens de conteúdos e dez rodas de conversas, reunidas em quatro grandes blocos: (1) Justificativas de por que música na escola; (2) Fundamentos da educação musical; (3) A música do Brasil e do mundo; e (4) A educação com música.
Muitas das perguntas que todo educador se faz com relação à introdução de conteúdos da linguagem musical na escola estão contempladas nesse trabalho: "O que significa ensinar música?", "O que deve ser ensinado?", "Qual o papel do educador de música?", "Quem é esse educador?", "Qual deve ser a sua formação?". O livro não traz respostas, ele apresenta pensamentos sobre tudo isso. Iramar Rodrigues, professor de sensorialidade, argumenta por exemplo, que se o professor de música "tiver princípios pedagógicos de base claros e precisos, e souber o porquê do trabalho a ser desenvolvido, ele não precisará ser um especialista" (p. 91).
Dentro desse recorte focado na compreensão do educador musical e considerando as variações de repertório, métodos, tempo de acontecer e condições objetivas de realização, Adriana Terahata defende um projeto educacional capaz de romper com a "aplicação" dos guias para educadores: "A educação é, antes de qualquer coisa, uma atitude ética, não sob a arrogância acadêmica, cientificamente correta (...), mas com o compromisso de pensar sobre, uma ciência engajada, comprometida" (p. 12). Em linha com esse pensamento, o musicólogo Carlos Kater propõe "uma educação musical capaz de oferecer estímulos ricos e significativos aos alunos, despertando atitudes curiosas e aumentando, por consequência, a disponibilidade para a aprendizagem" (p. 43).
O violonista Fabio Zanon chama a atenção para o tratamento diferenciado que deve ser dado a cada região do País e para o envolvimento dos pais nesse processo (p. 128). Carlos Sandroni, compositor e professor de etnomusicologia, recorre ao saudoso educador Paulo Freire (p.133) e ao músico Maurício Pereira (p. 143) para propor o aproveitamento dos canais de trocas entre analfabetos e letrados em música, comportamento referendado pelo músico e psicólogo social Ivan Vilela, em seus argumentos de que o mais relevante nesse aprendizado acaba sendo a crônica que "a maior expressão de música popular do mundo" (p. 141) faz dos anseios e acontecimentos ocorridos com as pessoas "que não tiveram a sua história registrada pelas vias comuns da escrita" (p. 135). Para ele, até mesmo por uma questão de finalidade histórica, deveríamos criar a nossa própria metodologia (p. 141).
Lucilene Silva, educadora musical da Casa Redonda, de Carapicuíba, onde a musicalização não está ligada a expectativa de resultados, que não o de suas qualidades transversais em todo o processo educacional, propõe que "diante da riqueza e diversidade da música tradicional da infância, é inegável a importância de tê-la como substrato principal na educação musical das crianças brasileiras" (p. 151). A música infantil realmente deve ter um lugar especial de sensibilidade na escola. Afinal, a cultura da infância é tão universal e atemporal quanto a música.

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O PROJETO

Sabendo da realidade social do Brasil hoje, e da política de alienação do mercado fonográfico assim como a mídia em geral que atinge cada vez mais principalmente as crianças e os jovens do nosso país, a Associação Cultural e Social de Timbaúba dos Batistas vem desenvolvendo um trabalho de conscientização através da música, onde propõe atrair á essa juventude, para que elas mesmas sejam as propagadoras das riquezas culturais do seu povo, fazendo assim com que suas representações obtenham oportunidades, meios e ferramentas para conter a própria realidade em que vivem, porque eles são presas fáceis para o mundo das drogas, bebidas alcoólicas e prostituição.

Um dos problemas que são enfrentados em trabalhos sociais como esse, no interior, é a falta de oportunidade, a realidade das cidades interioranas são desfavoráveis e até mesmo escassas quando se fala de oportunidade.

A preocupação na falta de oportunidade para os adolescentes principalmente, é que: eles estão prontos para transformar qualquer desejo em ação, e vendo por esse lado, a falta de oportunidade gera necessidade.

Se refletirmos sobre esta realidade, os jovens são obrigados muitas vezes ainda em idade escolar, a abandonar a escola para trabalhar e ajudar nas despesas familiares ou até mesmo para se dedicar precocemente a uma nova vida que ainda não cabe a eles.

A necessidade pela falta de oportunidade tem correlações com os problemas sociais, e se adolescência significa crescer, desenvolver, basta criar opções para que essas pessoas tenham uma oportunidade na vida para desenvolverem seus talentos, e assim no futuro ter uma chance de viver dignamente.

No Brasil, as políticas públicas para a juventude têm aumentado consideravelmente. Mas, ainda é muito pouco para um país tão rico culturalmente, onde pode utilizar sua forte influência para o desenvolvimento sociocultural.

E um grande exemplo dessa realidade, é as bandas de música, que só no Rio Grande do Norte envolve mais de 10.000 (DEZ MIL) Pessoas, entre jovens, crianças e adolescentes que procuram através da música um futuro melhor e encontram ainda mais, uma forma de divulgar, crescer, valorizar a cultura do seu povo.

Na oportunidade, á (ACUST) propõe dar seguimento ao trabalho que vem desenvolvendo na comunidade desde 2010, dando mais apoio e chance para mais uma criança descobrir seu valor, não só musicalmente, mas mostrando para comunidade e para ela mesma, que ela é capais de ser uma grande cidadã, e ainda podendo contribuir para o desenvolvimento do seu município, do seu país e do mundo.

A Cidade

A Cidade

Timbaúba dos Batistas é uma cidade da região de seridó no Rio Grande do Norte. Distante 282 km da capital, Natal, a cidade possui uma área urbana de 75 km² e uma densidade demográfica de 17,5 hab/km². Timbaúba é uma cidade pequena com 2 380 habitantes.

O nome da cidade vem de uma árvore chamada pelos índios de “timbóiba” que significa árvore de espuma. Os índios a chamam assim pois seu fruto produz uma espécie de espuma que é utilizada como sabão. Além disso, o nome do município também está associado ao nome de uma das primeiras famílias a chegar à região, os Batistas.

Nos idos do século XVIII as terras férteis de Timbaúba já eram habitadas e o Tenente-Coronel Manoel de Souza Forte era o proprietário do Termo da Vila do Príncipe, área onde está localizado o município de Timbaúba dos Batistas. A região começou a se desenvolver em meados do século XIX, quando o Major José Batista dos Santos fundou nas terras frescas do vale a fazenda Timbaúba. Ali teve início a grande atividade de plantio de canaviais, ensejando uma produção de aguardente e rapadura.

O povoado de Timbaúba, no ano de 1942, já era visto por Anfilóquio Câmara como um dos mais ricos do Seridó por manter uma agricultura sempre forte, destacando-se no cultivo de cana-de-açúcar.

No dia 10 de maio de 1962, por força da Lei no 2.774, o povoado desmembrou-se de Caicó tornando-se município com o nome de Timbaúba dos Batistas, numa homenagem a família de pioneiros responsáveis pelo engrandecimento do município. Em 1° de janeiro de 1964, foi instalada a sede municipal, tomando posse como prefeito o Sr. Hisbelo Batista de Araújo.

TIMBAúBA DOS BATISTAS-RN

TIMBAúBA DOS BATISTAS-RN
visão aerea

HISTÓRICO DA BANDA FILARMÔNICA ELINO JULIÃO


A banda Filarmônica “Elino Julião” de Timbaúba dos Batistas foi fundada em 03 de Março de 2010. Com a finalidade de qualificar os jovens dentro de suas próprias vocações, sentiu-se a necessidade de buscar uma parceria da prefeitura municipal de Timbaúba dos Batista com o governo do Estado do Rio Grande do Norte através do programa desenvolvimento solidário que indicou o senhor Humberto Carlos Dantas, carinhosamente conhecido como “Bembem” para viabilizar todas as providências necessárias, em seguida, depois de vencer todo o processo burocrático desde legalização da Associação Cultural e Social de Timbaúba dos Batistas (ACUST) que teve como sua primeira presidente Maria Aparecida do Nascimento, veio à elaboração do projeto e liberação dos recursos, para aquisição dos instrumentos musicais.

Depois de todo esse processo iniciou as aulas práticas e teóricas formando a banda propriamente dita.

Surgiu a ideia de dar nome à banda e foi colocado em votação que por unanimidade escolheram o nome do nosso conterrâneo e forrozeiro o artista popular “ELINO JULIÃO DA SILVA” que é motivo de orgulho para todos os seus conterrâneos pelo legado da sua história.

O maestro Mizael Cabral tem o cuidado em conjunto com a associação (ACUST) em parceria da prefeitura Municipal de Timbaúba dos Batistas na ampliação de seus componentes e na modernização de seus instrumentos, de uma vez que, recentemente foi elaborado um projeto tendo sido aprovado no valor de 25 mil reais pelo ministério da Cultura para aquisição de novos instrumentos para a estruturação da banda.

Atende hoje cerca de 90 crianças na faixa etária de 8 a 21 anos, sendo 50 participantes da banda filarmônica e 40 nas turmas de teoria e flauta doce.

A banda tem representado a cultura Timbaubense em várias cidades seridoenses, aonde vem recebendo total apoio da prefeitura municipal através do prefeito Ivanildo Filho para as devidas apresentações.

A filarmônica nesse pequeno período de existência tem se destacado devido à dedicação e trabalho da sua ex-coordenadora Maria Aparecida do Nascimento, do coordenador atual Aloísio Vale de Araújo e do seu maestro Mizael Cabral que com sua visão inovadora, consideram a música como importante meio de inclusão social para transformação de uma sociedade mais digna e igualitária.

O MAESTRO

MIZAEL CABRAL


De família de músicos, Marcio Mizael da Silva é natural de Cruzeta RN. Iniciou seus estudos musicais aos 16 anos em 2003 com o Maestro Humberto Carlos Dantas, ( Bembem Dantas ), ingressando na banda Filarmônica de Cruzeta-RN como trompetista. Em 2004 fundou o Trio Cafuçú de trompetes, marcando o começo de sua carreira de compositor e arranjador. participou como aluno em diversos seminários de música promovido pela Fundação José Augusto (FJA) e AMUSIC em Cruzeta e em outra cidades do no interior do Estado, sendo monitor do I Seminário de Música de Natal-RN do professor, compositor e maestro Normando Carneiro no curso de Arranjo Orquestração.
Em 2006, ingressou no curso Técnico de trompete (EMUFRN) sobre a orientação do professor Ranilson Bezerra, concluindo em 2009.ainda em 2009 entrou no curso de graduação em trompete da EMUFRN, sobre orientação do professor Ranilson Bezerra e Antonio Carlos. Participou de vários grupos musicais entre eles: Big Band Jerimum Jazz (EMUFRN). Big Band jovem (EMUFRN). Orquestra Sinfônica (EMUFRN). Grupo de
Choro Nosso Choro (EMUFRN). Grupo de choro Quase as Seis (EMUFRN), Grupo de pífano (AMUSIC),grupo de choro Bem Brasileiro (AMUSIC).
Trio Cafuçú(AMUSIC). Grupo de choro Chorinho das Cinco (AJAC). Grupo de Trompetes (EMUFRN). Grupo de metais (EMUFRN). Grupo de Metais (AMUSIC). Em 2008 assumiu temporariamente a direção da Filarmônica de São Tomé-RN (AJAC). Fundou e dirige Grupo folclórico “Pé de Côco” de pífano e percussão - (AMUSIC), é integrante e diretor técnico do sexteto de metaisQuimporó(AMUSIC) professor e chefe do naipe e primeiro trompete daFilarmônica de Cruzeta(AMUSIC). Em 2010 fundou e dirige a Filarmônica “Elino Julião” de Timbaúba dos Batistas RN (ACUST).
Percussionista nato, Mizael Cabral, como é conhecido no meio musical e artístico do RN, tem se destacado como compositor e arranjador para diversas formações musicais, em especial para Bandas de Música, tendo composto ou arranjado até o momento mais de 100 peças entre elas compôs peça para o CD do professor de trombone da UFRN Gilvando (azeitona) do professor Klenio Barros, e para banda Filarmônica SÃO TOMÉ-RN.
Mizael também é coordenador técnico da Associação Musical e Cultural do RN (AMUSIC) Cruzeta RN.

INSCRIÇÕES PARA TURMA DE TEORIA 2013

Inscrições abertas para turma de teoria musical da banda " Filarmônica Elino Julião" 2013 click no link e faça já a sua. https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dGRuWnNnSEtidlpWR0xGaDdMRmFBR3c6MQ atenção. inscrição valida apenas para residentes em Timbaúba dos Batistas-RN Inscrições para turma de teoria musical 2013 da filarmônica "Elino julião" docs.google.com